Como os estabelecimentos comercias do Tatuapé estão lidando com a pandemia
A pandemia afetou a economia mundial e o Brasil não ficou de fora dessa. Segundo dados do IBGE, a economia brasileira encolheu 4.1% em 2020. Para 2021 a Confederação Nacional das Indústrias (CNI) apresentou dois cenários: o otimista que estima um crescimento de 3% no PIB, com atividades econômicas apresentando melhoras a partir de maio de 2021, e um cenário pessimista onde crescimento seria apenas de 0,6%.
O retrato do encolhimento da economia foi o fechamento de mais de 75 mil lojas em todo o Brasil no ano de 2020, onde os estados mais impactados foram São Paulo (20,30 mil lojas), Minas Gerais (9,55 mil) e Rio de Janeiro (6,04 mil).
Na cidade de São Paulo, os comerciantes impedidos de abrir seus estabelecimentos por decretos municipais e estaduais somam prejuízos incalculáveis. Segundo radiografia da situação do comércio feita pela ACSP, os principais setores impactados foram o de vestuário e o de bares e restaurantes.
O efeito da Covid-19 nos negócios do bairro
No Tatuapé não foi diferente, além do setor de vestuário, o setor de bares e restaurantes está amargando grandes prejuízos.
O Tatuapé é conhecido por possuir uma vida noturna agitada, onde oferece bares, restaurantes e baladas para todos os gostos, e estes estabelecimentos foram diretamente impactados pelas restrições devido a pandemia.
Bares e restaurantes que não trabalhavam com delivery, viram-se obrigados a se adequar a esta nova realidade, ou lidar com uma possível falência, é o que relata o empreendedor Rafael Lasalvia, sócio do Resenha Sports Bar, que teve que se adequar às novas formas de consumo do seu bar que tem como principal proposta reunir a galera para assistir as mais diversas modalidades de esportes que ele transmite.
“Tivemos que repensar a forma de trabalho, adequando o estoque o cardápio e o recipiente para entrega do nosso Chopp. Nosso foco principal é o presencial, o faturamento proveniente dos pedidos via delivery tem sido muito inferior, pelo menos 3x menor, do que quando o bar estava aberto. O único ponto positivo para nós nesta pandemia é que estamos aproveitando este período de baixa para repensar nossa estratégia, testar cardápio e mudar a decoração do bar, na expectativa de um futuro mais promissor.”
Rafael ressalta ainda que não tiveram nenhuma medida protetiva efetiva para a classe. “Não tivemos nenhum apoio do governo, isenção de impostos em 3 meses no ano passado mas tivemos que paga-los este ano, e agora estamos fechados e pagando impostos sobre impostos e sem faturamento.”
O mesmo aconteceu com a Lia, dona de um café mineiro, Trem di Cumê, onde oferecia diversos lanches e doces, além do cafezinho mineiro coado na hora e uma boa prosa. A prosa terá que ficar para outro dia, mas os lanches e doces são oferecidos via delivery.
Mas os desafios não acabam para ela, em meio a pandemia ela abriu também um empório mineiro, Trem di Cumê Empório, com uma variedade de produtos mineiros. “Tivemos que fechar o café e melhorar nossa presença online para continuarmos sendo lembrados pelos nossos clientes. Tivemos que negociar com fornecedores e parceiros para conseguimos nos manter, reduzimos despesas. Mantivemos nosso quadro de funcionários, apesar da brusca queda no faturamento. Nosso delivery era bem embrionário, e tivemos que acelerar para conseguirmos atender nesta modalidade. Vimos, em meio a pandemia, uma oportunidade de expandir nosso negócio pois entendemos bem o que o nosso cliente procura e consome, foi então que abrimos ao lado do nosso café o empório, com produtos regionais e de qualidade.”
A realidade de muitos e os esforços das entidades de classe
Existem diversos outros pequenos empreendedores, assim como Rafael e Lia, passando por situações de queda no faturamento, fechamento e incertezas no bairro do Tatuapé, muitos não sabem se conseguirão manter suas contas e seu negócio em funcionamento. Entidades de classe como a ACSP estão cobrando dos governantes um esforço centralizado para gestão da crise. A entidade defende também a abertura escalonada do comércio e dos serviços, respeitando todas as medidas de segurança impostas pela OMS. Entretanto, ainda não existem medidas efetivas para auxiliar estes negócios a se manterem durante as restrições impostas pelo governo federal e municipal.
Para grande maioria dos bares e restaurantes do Tatuapé o faturamento através do delivery não está sendo suficiente para manter o negócio funcionado, “Conversando com diversos amigos do segmento pude perceber que somente os bares e restaurantes muito conhecidos são os que realmente estão faturando com o delivery na pandemia”, ressalva Rafael.
Segundo dados da Agência Brasil as pequenas empresas (com até 49 funcionários) foram as mais afetadas com a pandemia. Impedidas de abrir seus negócios presencialmente o faturamento caiu, para empresas do ramo de bares e restaurantes, em média 56%.
Nunca foi tão importante valorizar os negócios locais
Como parte de uma solução para este problema, estimular o consumo local pode colaborar para o crescimento das empresas do bairro. Além de ser uma opção prática esta solução estimula o desenvolvimento da própria comunidade além de fortalecer a economia já que 95% do total de empresas brasileiras são micro e pequena e respondem por 27% do PIB brasileiro.
Nós do Anacenter apoiamos negócios locais, apoie você também consumindo e comprando deles!
Por Erica Alvarenga
Sócia-Diretora do Anacenter
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